Birras são um sinal de que a criança está passando por um momento difícil.
Em Montessori, substituímos esse termo por palavras como desespero e revolta. Assim, fica mais claro compreender que a “birra” não é sem motivo, ela é uma resposta da criança para algo em seu ambiente.
É uma situação para se perguntar: “O que deixou a criança tão revoltada?”
Normalmente, algo não aconteceu conforme o desejado e ela se sente contrariada. Talvez a criança fez algo errado, mas, no primeiro momento, o mais importante é acalmar a criança.
No momento de descontrole emocional, o córtex cerebral, parte que toma decisões racionais e nos propicia autocontrole, não está disponível. Então se a criança “perdeu a cabeça”, nós precisamos ser o cérebro da situação, e ajudar a criança a se acalmar e recuperação a razão.
Se perdermos a cabeça também, dificilmente a situação será bem conduzida. Precisamos lembrar que nosso autocontrole é exatamente do que a criança precisa. E aqui vai um ponto importante: mesmo que a criança tenha feito algo errado, você precisa ajudá-la a se acalmar, antes de resolver a situação.
Isso quer dizer, que você vai acolher a criança, vai abraça-la e validar o choro, independente do motivo do choro. Se a criança não quiser abraço, tudo bem. Nem todo mundo quer ser abraçado quando está revoltado, né Apenas permaneça por perto e ofereça espaço para a criança.
Se o episódio acontece fora de casa, tente tirar a criança do lugar onde ela “empacou”, leva-a para um lugar mais tranquilo, se possível, e ajude-a a se acalmar. Mas não tente distrair a criança. Isso é importante. Ela precisa lidar com seus sentimentos, com a nossa ajuda.
E se eu não tiver tempo para esperar passar (está na hora de sair para um compromisso, por exemplo)?
Nesse caso, da forma mais gentil possível, vamos conduzir a criança para fazer o que é necessário, segurando-a com cuidado e firmeza. Siga o dia, deixando que a criança se acalme.
Não ignore a birra. Mesmo que, para você, o motivo seja bobo ou não faça sentido. Para a criança, faz sentido, ela sente profundamente por isso, afinal, os problemas dela são correspondentes as vivências dela e compatíveis com a idade dela.
Depois que o choro passar, converse com a criança sobre o que ela sentiu. Ensine a nomear sentimentos e ajude ela a entender o motivo de sua revolta. Isso ajuda a criança a reconhecer suas ações e assumir a responsabilidade por seus erros. Quanto menor ela for, mais ajuda ela vai precisar nesse momento. Mas é necessário demais.
É importante que isso seja feito quando ela realmente se acalmou. Caso contrário, ela vai resistir e não vai reparar o erro. Esse é o momento de conduzir a criança e lembrá-la do limite ultrapassado. Se ela quebrou limites, é muito importante reforçar isso nesse momento, pois limites claros e adequados à idade, são inegociáveis. Regras básicas da casa são importantes para a criança saber o que ela pode e não pode fazer.
E lembre-se: esses episódios fazem parte da vida de uma criança pequena, pois ela está descobrindo que tem vontade própria e pode ter opiniões e escolhas diferentes dos pais. Ela vai defender sua vontade a todo custo. E o desespero e a revolta quando são contrariadas, são uma reação normal e compatível com seu desenvolvimento cerebral e emocional.
Se o ambiente da criança tiver apenas ordens e proibições, o caos nessa fase é inevitável. Ela precisa de poucos limites, mas que sejam inegociáveis, claros e consistentes. E quanto mais satisfeita a criança estiver quanto as suas necessidades (exploração, ordem, comunicação), mais chances ela tem de passar por essa fase de forma tranquila e saudável.
Se você sente que precisa de apoio e direcionamento nessa fase da sua criança, a Comunidade Mãe Montessori está pronta para te receber!



